É muito comum encontrarmos no mercado de trabalho jovens profissionais que, recém saídos de uma universidade, nem ao menos conhecem seus talentos e habilidades. Formados em administração, economia, tecnologia da informação, gastronomia, marketing, moda, gestão, secretariado, etc, ainda desconhecem sua real capacidade de realização profissional. Assustados e inseguros com o primeiro emprego ou após um breve estágio em alguma organização ainda possuem grandes carências e dificuldades. Isto porque há muitos anos existe um abismo entre a universidade e o mercado de trabalho, entre o conhecimento teórico e científico e a realidade encontrada e vivida nas empresas.
Será que as universidades estão preparando os jovens profissionais de acordo com as necessidades do mercado? Lembro-me de quando iniciei meu primeiro estágio numa grande multinacional e não sabia nem como sentar na cadeira! Percebo que os jovens de hoje possuem um domínio invejável de computação, novas tecnologias de aparelhos celulares, conhecimento sobre os mais modernos e complicados games, mas (e sempre tem um "mas"), totalmente carentes de outras habilidades como, por exemplo: relacionamento interpessoal, aceitação de opiniões contrárias, convivência com pessoas de trato difícil, atuação em ambientes de competitividade ou em ambientes que exigem extrema colaboração mútua, saber trabalhar em equipe, habilidades na análise de dados e de informações, paciência na execução de tarefas que exigem esforço mental acima do normal e mais um monte de outros fatores.
Como descobrir e desenvolver estas habilidades e estes talentos nestes novos profissionais se as organizações exigem resultados imediatos, não investem na especialização de seus colaboradores com medo de perdê-los para a concorrência e esperam que o profissional cuide da sua própria carreira, se ele nem mesmo sabe por onde começar? O que as escolas e universidades ensinam é a parte teórica de uma atividade, porém sua especialização só poderá acontecer em cursos de pós-graduação ou cursos de extensão e mesmo assim após alguns anos de auto-conhecimento e percepção de necessidades.
Talvez esteja na hora das organizações mudarem sua forma de gerenciamento das pessoas, voltar a investir no desenvolvimento intelectual e comportamental de seus profissionais potenciais, visando melhores resultados no futuro. O mercado necessita de profissionais qualificados em "gente", preparados para lidar com material humano, que saibam motivar equipes de trabalho, valorizar o que cada um tem de melhor, não importando o grau hierárquico ou o seu salário. A liderança exercida de forma incorreta impede que estes fatores positivos sejam implantados com sucesso nos ambientes profissionais. Liderar não é mandar, é saber ouvir as pessoas, ser útil, transmitir entusiasmo pelo trabalho, se colocar no lugar de seus liderados e desenvolver a boa comunicação.
O crescimento sustentável tão desejado pelas organizações só será possível com o crescimento ético, comportamental e profissional dos seus diversos colaboradores. E o resultado de tudo isto é o "lucro". Sem pessoas não existem empresas, sem habilidades humanas não se conquistam clientes, sem humildade e simplicidade não se vendem carros de luxo, sem respeito ao ser humano teremos uma sociedade cada vez mais egoísta, personalista e materialista.
A sua empresa valoriza pessoas? Prioriza o ser humano? Investe em gente?
Por José Carlos Maron Jr.
Administrador de empresas
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