Uma das matérias que li numa revista de grande circulação mencionava que a Tecnologia da Informação, Meio Ambiente e Responsabilidade Social estão em alta e que "para se destacar neste novo cenário, é preciso batalhar para ser um profissional global e, assim, atender às expectativas desse ambiente moderno e competitivo". Ainda dizia que um tiro certeiro para quem pensa grande é conhecer as chamadas profissões do futuro - e investir nessas carreiras, que tendem a ser bastante valorizadas em médio prazo.
E daí surge um questionamento: Em alta para quem? Por acaso quem fazia essa análise de mercado era um especialista em Ensino Superior que oferecia cursos nessas áreas, com a promessa de formar profissionais aptos a atuarem globalmente.
O reflexo dessas chamadas tem efeitos profundos, pois ao invés de auxiliar o jovem a direcionar seu futuro para aquilo de que realmente ele gosta ou tem vocação, ela acaba despertando interesse para as profissões que lhe propiciem mais vantagens financeiras. Isso faz com que o jovem profissional acabe realizando muitas vezes atividades que não ama, simplesmente em prol do "ter". Quantos profissionais formados como advogados, engenheiros, arquitetos, dentre outros, se formaram e não atuam na área? Provavelmente escolheram a profissão errada e não conseguiram mudar o rumo da sua carreira em tempo.
Outro efeito desse desencontro está atrelado à dificuldade que as organizações, de modo geral, se deparam quando da contratação de profissional que, além de atender aos requisitos de competência inerentes à função, esteja plenamente motivado. Um exemplo é o resultado da péssima qualidade de serviços e de atendimentos com que, na maioria das vezes, nos deparamos, seja lá em que segmento for.
Dia desses, lia outra reportagem sobre alto índice de evasão universitária. Esse é outro aspecto que traz efeitos sociais perversos e, na maioria das vezes, está correlacionado com as chamadas "carreiras do futuro". Nesse contexto, o jovem, precocemente e superficialmente escolhe sua profissão sem que ele conheça de fato sua verdadeira atuação no mundo dessa carreira. Mais uma vez os jovens são massacrados pelos interesses profissionalizantes, provocando, muitas vezes, os chamados "profissionais infelizes" por não fazerem o de que gostam, refletindo diretamente na sua qualidade de vida.
O que deve ficar patente para o jovem é que para se ter carreira consistente, é necessário que ele tenha aptidão e vocação. A vida nos coloca à disposição vários caminhos. A diferença básica entre os profissionais está em como cada um decide realizar sua caminhada. Alguns a torna desinteressada e repetitiva; outros caminham em um ritmo considerado normal – dentro do padrão, já àqueles que dão sentido à sua vida, "voam" com altivez e motivação interior, fazendo diferença não só no mundo do trabalho como para as pessoas que estão à sua volta. É importante que o jovem perceba que viver é muito mais que estar vivo.
Por todo esse contexto, sugiro aos jovens que não se deixem iludir pelas chamadas profissões do futuro, sem primeiro descobrir do que realmente gostam. O ranking das profissões pode ajudar, mas não deve ser fator decisivo de escolha. Para iniciar, procure eliminar as áreas com as quais não se identifica – faça uma lista das suas vocações. Conversar com pessoas que trabalham na área pode ajudar na decisão. Procure conhecer o futuro da profissão, pois em quatro ou cinco anos podem ocorrer mudanças.
Enfim, em qualquer que seja o segmento da nossa vida, devemos sempre ir ao encontro do "ser", com certeza aumentará a chance de auto-realização e como conseqüência - de sucesso pessoal.
Por Maria Bernadete Pupo
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